Strawberry Swing

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Você está deitado em cima de mim, mais uma vez, como tanto gosta de fazer, mais uma vez, como tanto gosto que você faça. E não é nem como se você não soubesse que esse é meu momento preferido de cada dia que a gente divide, inclusive, às vezes parece que você sabe demais, desconfiando de cada um dos meus silêncios “Tu nunca fica quieta, que foi?” e sabendo desarmar cada um deles, seja com uma música idiota, suas coreografias, ou com o carinho no ponto certo da minha nuca, ali, quase perto do ouvido. Chega a ser engraçada a forma como você me entende e, ainda assim, fica impressionado com o quanto te deixo fazer parte do que eu sou. Teria como não deixar? Estamos relembrando alguma coisa de nossas histórias, provavelmente relacionadas com essa sua (tão, TÃO irritante) mania de tentar me fazer jogar os sentimentos pra fora, em alto e bom som. Eu, sempre adepta das meias palavras e rodeios para coisas tão sérias, na verdade, nunca nem cheguei nem perto de sentir, muito menos dizer todas as coisas que você já tirou de mim, mesmo assim, parece que nunca é suficiente.

E então, entre risos, você me pergunta sobre amor. Ah, amor! Logo eu, que já escrevi um texto de várias páginas só pra explicar o que isso significava pra mim, na tentativa de fazer a pessoa fugir. Ela, depois de muito relutar, fugiu. Ok, você já conhece essa história, mesmo assim, enquanto me encara, sorri. Não vai fugir. Eu suspiro e, novamente, estou sentada em um balanço. Desde criança nunca tive muita coordenação, sempre preferi sentar, por uns cinco minutos, sem tirar os pés do chão e daquilo que tudo sempre conheci. Ok, os outros podiam voar. Mas, também, podiam cair. Eu? Eu estava perfeitamente bem me balançando para os lados em um ritmo diferente. Estava. De repente, os pés tinham se soltado, os cabelos, estavam batendo no rosto e eu já não tinha mais o controle que sempre foi indispensável, inclusive, que puta sensação essa de fechar os olhos e sentir o movimento sem se preocupar.

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E é com os pés balançando no ar, que vejo todos os dias que dançamos na sala da sua casa, os que cozinhamos juntos e vamos jantar bêbados dos vinhos da sua adega virtual, atualmente vazia, atualmente meu último presente. Nossas caminhadas, porque somos bizarros o suficiente pra descer do ônibus antes ou rejeitar caronas, só para, de mãos dadas, darmos uma olhadinha no mundo. Nossos planos de viajar o mundo. Nossos planos (nunca bem sucedidos) de sair da cama no domingo. Nossos filmes que nunca combinam. Seus moletons que são a coisa mais confortável desse mundo, perdendo apenas para o seu carinho, esse sim é mais confortável. Toda a indecisão e todo o descontrole que você trouxe. Todas as quintas em que tentei dormir cedo porque sexta estava quase aí e a gente já ia se ver de novo. Todas as nossas fotos mais bonitas que você promete postar, com legendas mais lindas ainda, mas que, na verdade, esquece. Todos os textos que já te escrevi, todos os que ainda tenho pra escrever e, depois de tanto tempo, o vento está mais uma vez batendo em meu rosto, estou andando sem as mãos, então ok, pode parar de me encarar esperando, se você quer ouvir primeiro, eu te amo.

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